Novidades exigem várias adequações dos colégios para que ensino seja direcionado às aptidões individuais do estudante
O novo ensino médio – aprovado pela Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017 – está sendo implementado nas escolas públicas e privadas de todo Brasil. Pelo cronograma do Ministério da Educação (MEC), as mudanças devem acontecer gradualmente até 2024.
Os objetivos envolvem atrair o interesse dos estudantes da última etapa da educação básica e diminuir os indicadores de evasão escolar. De acordo com o IBGE de 2019, 11,8% dos jovens entre 15 e 17 anos estavam fora da escola; índices muito diferentes da faixa etária entre os 6 e 14 anos, em que a taxa de presença era de 99,3%.
Entre as principais alterações do novo ensino médio estão o aumento da carga horária - de 2.400 horas para 3 mil horas de estudos – e a possibilidade de os jovens escolherem parte das disciplinas que querem cursar no terceiro ano, com um olhar mais voltado ao mercado de trabalho e ao empreendedorismo.
Segundo Ana Paula Previate, diretora do Colégio Integrado de Campo Mourão, as escolas e os alunos agora têm mais liberdade para definirem parte de sua estrutura curricular a partir da demanda, necessidades e interesses de ambos. “A principal vantagem está na flexibilidade nas matérias. As disciplinas foram divididas em áreas que permitirão um estudo menos pesado e mais direcionado”, explica.
Itinerários formativos e projeto de vida
Das 3 mil horas de estudos, 1.800 devem ser destinadas à formação geral que englobam os conteúdos obrigatórios a todos os estudantes e formam a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). As outras 1.200 horas serão a parte flexível, em que os alunos vão estudar seus itinerários formativos.
De acordo com o referencial curricular do novo ensino médio do MEC, os objetivos dos itinerários são “aprofundar as aprendizagens, consolidar a formação integral dos alunos, promover a incorporação de valores como ética, democracia, justiça social e desenvolver habilidades que permitam aos estudantes ter uma visão de mundo ampla e heterogênea”.
Além disso, a lei dispõe sobre o desenvolvimento do projeto de vida do estudante para que ele seja capaz de fazer escolhas responsáveis e conscientes, de acordo com seus interesses e aptidões.
Os itinerários poderão ser escolhidos em quatro áreas de conhecimento (linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e matemática) ou um ensino técnico, ou ainda um modelo integrado, que combine mais de uma área. Dessa forma, as escolas deverão implementar um programa que coloque os estudantes para refletir sobre suas possibilidades de aprendizado e suas escolhas para o futuro pessoal e profissional, baseado no desenvolvimento de competências socioemocionais.
“No Colégio Integrado, o Componente Curricular de Empreendedorismo e o Novo Mundo do Trabalho, possuirá parceria, a partir de 2023, com o Sebrae. Isso fará com que as atividades, inovações e projetos de nossos alunos, tutelados pelos nossos professores, tenham o selo e acompanhamento de uma das principais instituições de fomento ao empreendedorismo, em nosso país”, explica o coordenador do Ensino Médio, Thiago Veronezzi.
Soft skills são diferenciais na formação
As soft skills são habilidades comportamentais relacionadas à maneira como a pessoa lida com o outro e consigo mesmo em diferentes situações. “As hard skills estão relacionadas com o conhecimento técnico específico e à formação. As soft skills são traços de personalidade. As duas são cruciais para desenvolver um profissional completo”, resume a diretora do Colégio Integrado.
As hard skills são as habilidades que podem ser aprendidas e ensinadas por meio de cursos, treinamentos e workshops. São as aptidões técnicas de um profissional como uma graduação, o conhecimento em uma língua estrangeira, cursos técnicos, mestrados e doutorados, por exemplo.
Já as soft skills tratam de habilidades ligadas diretamente às aptidões mentais de um candidato e a sua capacidade de lidar positivamente com fatores emocionais, pois envolve comunicação assertiva, inteligência emocional, resiliência, proatividade, resolução de conflitos, liderança etc.
“Ao longo dos últimos anos, o Ensino Médio do Colégio Integrado conta com a parceria e projetos conjuntos com os cursos de graduação do Centro Universitário Integrado. Neste sentido, através de atividades variadas, como o projeto Integrado Pró-Cidadania, que acontece juntamente com o curso de Direito, propicia aos nossos alunos habilidades e desenvolvimento de competências que envolvem questões envolvendo a cidadania, o civismo, e a formação enquanto um indivíduo crítico e ativo socialmente”, destaca Ana Paula Previate.
O colégio ideal para o novo ensino médio
Ana Paula defende que toda mudança precisa ser bem analisada e, ao falar em educação, pais e responsáveis devem questionar qual é o tipo de ensino que desejam para seus filhos. Para ela, mais importante do que as disciplinas em si, a escola deve compartilhar uma visão semelhante à da família e do aluno.
“A família deve optar por um colégio em que haja identificação de valores e princípios. É fundamental analisar a parte pedagógica da instituição e a metodologia usada. Também deve ser observada a infraestrutura disponível, já que o aluno vai passar boa parte do dia, da semana, do mês e do ano dentro no colégio”, salienta.
A diretora do Colégio Integrado de Campo Mourão ainda reforça para que se analise a filosofia da instituição de ensino, os procedimentos de trabalho, a tecnologia utilizada para potencializar o aprendizado, a presença de orientadores educacionais e a facilidade de acesso da família aos professores, coordenadores e diretores.