Custo passou de R$ 5,4 bilhões para R$ 9,6 bilhões desde 2008, diz governo. Números impedem investimento e pagamento de despesas, afirma secretário
Foto: Aline Dias.
Dados do Sistema de Contabilidade do governo do Distrito Federal mostram que os gastos do GDF com pessoal aumentou 103,7% nos últimos sete anos. A folha de pagamento passou de R$ 5,4 bilhões, em 2008, para R$ 9,6 bilhões, em 2015.
De acordo com o economista Raul Veloso, o valor é mais do que a inflação no período, que foi de 48,51%. “A consequência é que o estado vai ter muita dificuldade de administrar suas contas, e o pior, vai ter que cortar o que ele não deveria cortar, que é o investimento”, diz Veloso.
O chefe da Casa Civil, secretário Sérgio Sampaio, disse que os números paralisam o governo porque impedem os investimentos e o pagamento de despesas básicas.
“A folha, ela aumenta, sim. Tem seu aumento vegetativo, que é natural, que é o anuênio do servidor, e as outras questões pessoais de cada servidor, a progressão funcional, mas ela se deu muito mais por conta da renovação do quadro”, afirma o presidente do Sindireta, um dos maiores sindicatos de servidores no DF, Ibrahim Youssef.
Segundo ele, não há um levantamento exato de quantos servidores se aposentaram e quantos foram contratados nos últimos sete anos. “O governo tem que volta e meia renovar o quadro. Ingressaram muitas pessoas novas no serviço público. Só para você ter uma ideia, na saúde pública foram nomeados 35 mil servidores a mais”.
Em setembro, o GDF divulgou ultrapassou o limite máximo de comprometimento das verbas públicas com o pagamento de salários no segundo quadrimestre do ano, de maio a agosto. O gasto com a folha deve atingir 51% da receita corrente líquida, segundo o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio. O limite máximo permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é 49%.
No mesmo mês, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou o cancelamento da parcela de reajuste, concedida de forma escalonada a partir de 2013. O chefe do Executivo informou que o DF tinha 213.210 mil servidores públicos (131 mil ativos) na época, com folha de pagamento em R$ 2 bilhões (dados de agosto). Com a suspensão, o GDF estimava deixar de gastar R$ 400 milhões até o final do ano.
Governo anterior
No fim da gestão de Agnelo Queiroz, o G1 fez um levantamento que apontou que o volume de recursos destinados ao pagamento de servidores públicos no DF havia quase que dobrado em quatro anos. Segundo a Secretaria de Planejamento, os salários pagos em 2014 somavam R$ 10,61 bilhões, número 85% maior que toda a folha de pagamento de 2010, fechada em R$ 5,7 bilhões. O número de 2014 não inclui os pagamentos relativos ao mês de dezembro.
O montante pago também é superior aos R$ 10,08 bilhões que estavam previstos no Orçamento de 2014 para todo o ano de 2014. Na época, a secretaria de Administração Pública afirmou que os números eram resultado de “uma política de valorização do servidor público que motiva o funcionário a permanecer nos quadros”.
Segundo a pasta, parte dos reajustes já estava prevista em uma lei aprovada em 2010, no governo interino de Wilson Ferreira Lima. O reajuste “herdado” da gestão anterior teria impactado as contas de 2011 em R$ 1 bilhão.
Fonte: Redação.