A atenção básica à área seria o início da salvação. Mas é preciso também vontade política para que os planos sejam colocados em prática
Foto:Pedro Paulo
O caos instalado na saúde ameaçava o ex-secretário João Batista desde o início do ano. Agora, o desafio é de Fábio Gondim, que precisa arranjar solução para os problemas instalados na rede há mais de uma década. Além da falta de medicamentos, profissionais e até insumos de limpeza, a crise atinge a credibilidade da instituição. Para alcançar as metas do relatório do Ministério da Saúde, decorrente do termo de cooperação assinado em 19 de janeiro, especialistas apontam que será preciso ajustar as contas e ter articulação política para amenizar os apuros da Secretaria de Saúde.
O maior obstáculo de Gondim é a atenção básica. Esse recorte é custeado pelo Ministério da Saúde e, mesmo assim, enfrenta severos problemas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das doenças são tratadas ou evitadas quando programas de cuidados à saúde funcionam bem. Logo, a lotação das emergências seria menor. “Nós não temos infraestrutura adequada. A cobertura desses programas está abaixo da média nacional”, ressalta Helena Eri Shimizu, especialista em administração hospitalar e gestão de serviços de saúde. Para ela, será necessário jogo de cintura a fim de encontrar um novo caminho para a pasta. “É preciso competência técnica e política além de saber conciliar todos os interesses envolvidos. Será fundamental ser transparente nesse momento”, explica Helena.
Medicamentos
Hoje, há falta de 73 remédios nas prateleiras das farmácias públicas do DF. O deficit de profissionais chega a oito mil servidores. Para José Matias-Pereira, especialista em administração pública, só trocar o chefe da pasta não resolve os problemas. “Trocar o secretário e pensar que tudo melhorará não passa de ilusão. É necessário fazer uma profunda reforma no modo de gestão, mas para isso, ele (Fábio Gondim) terá de contar com o apoio do governo”, esclarece José.
Avanços necessários
Confira os maiores gargalos que existem hoje na saúde do DF
Reestruturação da superintendência de compras: é preciso dividir o setor em equipes para administrar melhor as aquisições.
Falta de leitos de UTI: atualmente são 51 unidades fechadas e uma fila de espera de 60 pacientes. Nem os contratos emergenciais dão conta do deficit.
Tratamento de hemodiálise: além das dívidas, clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) ameaçam suspender o atendimento. A rede do GDF não comporta a demanda atual.
Desabastecimento da rede: são 73 remédios em falta nos hospitais públicos do DF. A lista de medicamentos teve baixa de 50 itens, porém não foi suficiente para aliviar a crise. O GDF disponibilizava 850 unidades, hoje são 800.
Atenção básica: os programas como Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde precisam ser retomados. No DF, estão suspensos ou irregulares desde 2014.
Quadro de funcionários: hoje, a baixa soma quase 8 mil profissionais. A situação mais crítica é dos médicos pediatras. Até o fim do ano, 140 deixarão o sistema. Dos 20 profissionais convocados, apenas cinco foram empossados. A desistência total foi de 34% dos profissionais. As informações são da Subsecretaria de Planejamento, Regulação, Avaliações e Controle (Suprac), da Secretaria de Saúde.
Fonte: Redação.
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Por Paulo Roberto Melo - jornalista
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