VEJA: Eles sabiam de tudo


Foto: Reprodução

Muito tem se questionado a parcialidade da revista Veja nos últimos 12 anos, desde quando o PT chegou ao poder. O questionamento parte de petistas que afirmam que a revista se posiciona descaradamente a favor do PSDB e dos partidos de oposição. Na verdade, o que enxergo é que a revista sempre teve um papel fiscalizador para com quem estivesse no poder, podendo até ser um veículo com viés opositor quando as atitudes do ocupante da cadeira mais importante do Planalto ultrapassam todas as barreiras da ética e dos bons costumes governamentais, como aconteceu com Collor, Lula e Dilma.

Veja preferiu Collor a Lula na campanha de 1989, mas não deixou de cobrir as mazelas do presidente mais jovem da história do Brasil. Sempre foi assim. Já com FHC, Veja mais uma vez descartou o PT e preferiu o tucano, devido ao discurso radical que Lula adotava na época. Todavia, a revista cobriu de forma brilhante todos os escândalos de corrupção do governo do PSDB, inclusive as crises internas, como a do apagão, em 2001, quando Veja colocou um brasileiro com nariz de palhaço na capa, uma alusão ao cansaço da população com a gestão de Fernando Henrique.

Após a vitória de Lula em 2002, a revista só faltou usar papel de seda em sua capa, visto tamanha glorificação que fez, onde considerou a eleição do petista um “Triunfo Histórico” para o Brasil, sendo o primeiro presidente de origem popular a chegar ao Planalto. Só que no poder o PT começou a fazer coisas nada louváveis em relação à ética e a forma de enxergar o Estado e a democracia, criticando de forma feroz e veementemente a imprensa e as instituições. Não deu outra: Veja se posicionou contrária ao governo e ao PT, mostrando os equívocos de quem coloca o projeto de poder acima da gestão pública do país.

Faltando dois dias para a eleição presidencial do segundo turno, a revista Veja, no dia 29/11/2014, trouxe em sua capa um depoimento de Alberto Youssef, delator do esquema criminoso da Petrobras. De acordo com a matéria, Youssef teria afirmado que o “Planalto sabia de tudo” o que acontecia na Petrobras. Perguntado sobre quem no Planalto, o delator teria respondido: “Lula e Dilma”. Veja foi acusada pelos petistas e por muita gente de tentar interferir na eleição, favorecendo o candidato tucano Aécio Neves. A revista foi taxada de mentirosa, pois não tinha provas concretas do depoimento sigiloso que Youssef concedeu à Polícia Federal. O prédio da editora Abril foi alvo de ataques após a edição da Veja sair nas bancas.

Passados sete meses, hoje, na CPI da Petrobras, Alberto Youssef confirmou o que Veja tinha dito lá atrás: o Planalto sabia do esquema de corrupção na empresa. Perguntado se tinha certeza, Youssef respondeu: “O [ex-diretor] Paulo Roberto Costa sempre dizia, quando havia alguma divergência no partido sobre pagamentos, que tinha que ter o aval do Palácio do Planalto”, respondeu Youssef, confirmando a veracidade da reportagem de Veja em outubro passado. O delator ainda afirmou: “Na minha opinião, o Planalto sabia de tudo”, concluiu.

Chegamos à seguinte conclusão sobre a linha editorial da revista Veja: ela pode até se posicionar contra ou a favor a esse ou aquele partido, mas suas reportagens não são meros factoides feitos para mudar o resultado de eleições. Toda suspeita levantada pela Veja lá trás se confirmou com o desdobramento das investigações do petrolão, onde um partido (PT) fez uso de um governo (Lula) para assaltar os cofres públicos da Petrobras, a empresa que era o orgulho de todos os brasileiros.

E agora, PT?

Fonte: Blog do Fred Lima.
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