Pneus de carga é o segmento que registra a maior queda: -17,5%
Cenário econômico incerto e Programas de Demissões Voluntárias marcaram o início de 2015 nos setores de veículos e, consequentemente, no setor de pneus para montadoras, que no primeiro quadrimestre teve uma queda geral de 2%, passando de 25,37 milhões de unidades em 2014 para 24.86 milhões de unidades em 2015.
No mesmo período, o segmento de venda de pneus mais afetado foi o de cargas, com queda expressiva no fornecimento a todos segmentos do mercado, segundo dados daANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Greves, aumentos de combustível, recessão econômica e mudança na regulamentação para os caminhoneiros determinaram números negativos tanto na venda de pneus para as montadoras como no mercado e reposição para veículos de carga. “Estamos vivendo um período de queda geral nas vendas para as montadoras, acompanhando o que acontece com a indústria automotiva, mas normalmente o mercado de reposição se mantém nestas crises.
Quando não se compra veículos novos ocorre a substituição dos pneus e outras peças que se desgastam, mas no setor de carga isto não está acontecendo este ano”, diz Alberto Mayer, presidente da ANIP que complementa afirmando que a expectativa é ruim para o setor de pneus, pelo menos no curto prazo, justificado pela correlação entre o andamento das variações negativas do PIB e a redução das vendas de novos veículos.
As vendas de pneus de carga para montadoras tiveram a maior redução e caíram 44,7%, passando de 754.699 para 417.238 milhões de unidades entre os primeiros quadrimestres de 2014 e 2015. Como resultado global, as vendas totais de pneus de carga apresentaram queda de 17,5% no período janeiro-abril de 2015 em relação ao ano anterior, passando de 3,056 para 2,520 milhões de pneus.
Os números refletem a mesma situação apresentada pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) com o Índice ABCR de Atividade, que mede o fluxo de veículos nas estradas concedidas à iniciativa privada, pois o resultado de abril mostrou queda de 6,1% no tráfego de veículos pesados. Também os dados da Anfavea mostram queda de 46,9% na venda de caminhões novos em abril deste ano comparando com abril do ano passado.
O mercado de reposição como um todo se manteve em alta (+10,9%) nos primeiros quatro meses do ano; por outro lado o canal de vendas para montadoras registrou forte redução (-21,5%) e as exportações uma significativa queda (-13,5%) comparada ao mesmo período do ano passado, marcando o resultado negativo do inteiro setor (-2%) neste começo de ano.
Exportação depende de medidas do Governo
Segundo Alberto Mayer, presidente da ANIP, são necessárias iniciativas do governo para possibilitar um crescimento das exportações de pneus, pois mesmo com um câmbio mais favorável e esforços da indústria, as vendas externas seguem em queda. “A queda de 13,5% nas exportações das empresas associadas nos primeiros quatro meses do ano reflete a contínua perda de competitividade do produto nacional. Vários fatores se somam para este efeito: o aumento dos custos de matérias-primas que precisam ser importadas pela produção nacional insuficiente, bem como os moldes gravados com o Imposto de Importação de 30% que deixam as empresas do País sem condições de competir no cenário internacional. Ele acrescenta a esses fatores a mudança nas regras do Reintegra, o custo da mão de obra, a alta tributação e a falta de acordos comerciais com os demais países consumidores, a exemplo de Estados Unidos e União Europeia.
Vendas e produção
Quadro – Queda nas vendas no primeiro quadrimestre
(em milhões de unidades)
Carga: 3,057 para 2,521 (-17,5%)
Camioneta: 3,376 para 3,201 (-5,2%)
Passeio: 12,214 para 12,751 (+4,4%)
Duas rodas: 5,635 para 5,307(-5,8%)
Agrícola 0,297 para 0,271 (-8,8%)
OTR 0,054 para 0,046 (-15,3%)
Industrial – 0,739 para 0,761 (+3%).
Quadro – Vendas globais dos fabricantes por canal
(em milhões de unidades – 2014 para 2015))
Reposição 14,10 para 15,65 mi (+10,9%)
Exportação 4,58 para 3,97 (-13,5%)
Montadoras 6,68 para 5,24 (-21,5%)
Produção brasileira
A produção de pneus no país teve um leve crescimento, de 2,8%, no primeiro quadrimestre deste ano quando comparado ao mesmo período de 2014 passando de 23,83 para 24,51 milhões de unidades.
“Em abril, várias empresas automotivas diminuíram ou pararam completamente linhas de montagem. No nosso setor, a Pirelli também anunciou lay–off na última semana., Entretanto, a expectativa é de reversão do clima negativo antes do final do ano. Acreditamos que o Brasil deve passar por esta fase de ajustes para retomar um caminho de crescimento, porém sem deixar de lado medidas que poderiam tornar menos difíceis estes momentos de crise”, diz Alberto Mayer.
Sobre a ANIP e Reciclanip
A ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende onze empresas (Bridgestone, Continental, Dunlop, Goodyear, Levorin, Maggion, Michelin, Pirelli, Rinaldi, Titan e Tortuga) com 20 fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (nove), Rio de Janeiro (duas), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (três) e Amazonas (uma). Ao todo, responde por 27 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma rede com mais de 5 mil pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos.
Em 2007 a ANIP criou a Reciclanip (www.reciclanip.org.br), voltada à coleta e destinação de pneus inservíveis no País. Originária do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de 1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunir 834 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 3,0 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 600 milhões de pneus de passeio. O trabalho de logística reversa da Reciclanip já recebeu vários reconhecimentos, como o Prêmio E, concedido pela UNESCO em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto E, o Prêmio FIESP como exemplo de ação de sustentabilidade, e o Prêmio Opinião Pública (POP) dos Conselhos de Relações Publicas pelo trabalho de conscientização da população sobre o recolhimento e destinação adequada dos pneus inservíveis.