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*Há muitos anos, acompanho as discussões sobre “melhorias” para o transporte público do Distrito Federal e do Entorno com muita atenção. O assunto é de extrema relevância, uma vez que a população da nossa capital e das cidades vizinhas sofrem, dia a dia, com o caos no transporte. Contudo, ainda vejo com muita decepção as “soluções” apontadas pelos governantes para esse problema. Como se o transporte fosse feito exclusivamente com pneus sobre asfalto, parece que mesmo diante de soluções mais eficazes que saltam aos olhos, poucos conseguem enxergar os ganhos que teríamos com o transporte ferroviário.
A solução não é nova. Não mesmo. Porém, mesmo com tanta idade, não é uma solução obsoleta. Pelo contrário. O aparecimento das ferrovias teve início na Inglaterra, no início do século XIX. Rapidamente as ferrovias se espalharam e, em 1869, os Estados Unidos inauguraram sua primeira ferrovia transcontinental. Elas estão em todo o mundo, em todos os continentes. Com tecnologias cada vez mais modernas, eficiência e velocidade. E mesmo com 1 milhão e 300 mil quilômetros de ferrovias em todo o planeta, no Brasil, a extensão é pequena, se levarmos em conta a área do território nacional.
Econômico, confortável, seguro, menos poluente, rápido… O que mais seria necessário para que os governos enxergassem no transporte ferroviário uma das – senão “a” – grande solução para o problema do transporte público para atender as distâncias existentes no Distrito Federal? Aliás, o ex-governador do DF, Joaquim Roriz, trabalhou essa ideia durante seus quatro mandatos e há cerca de 15 anos, já apontava o trem como um recurso importantíssimo para uma mudança no sistema de transporte da Capital Federal. Principalmente no transporte de passageiros das cidades do Entorno, uma vez que é impossível ignorar que há milhares de pessoas fazendo esse percurso diariamente, em cima de pneus carecas, sucatas caindo aos pedaços em asfaltos em condições não menos piores que os próprios ônibus. Um perigo, inclusive.
E o transporte ferroviário seria o ideal para o Distrito Federal e o Entorno neste momento. Com a predominância de terrenos baixos e relativamente planos e as grandes distâncias a serem percorridas, os trens esperam há alguns anos para serem colocados nos trilhos e virarem os “Salvadores da Pátria” da mobilidade urbana na nossa região. Essa mobilidade urbana já tão desgastada justamente pelo excesso de veículos nas ruas e pela falta de investimento em outras alternativas de transporte de massa, que não sejam apenas os ônibus. Será que ninguém enxerga a importância do metrô – que diga-se de passagem, só existe no DF graças a Joaquim Roriz e, com sua saída do governo local, acabou abandonado e sem nenhum quilômetro novo feito há mais de 10 anos -, dos veículos leves sobre trilhos e dos trens ferroviários?
É claro que com a falta de atenção que o transporte ferroviário sofreu durante décadas, esse meio de transporte acabou envelhecido no DF. O trem que já funcionou aqui levando cargas, hoje parece carregar apenas ferrugem em sua lataria. Mas, a ideia ainda viva de Roriz para se implantar um transporte ferroviário que ligue o Distrito Federal a Luziânia, atendendo diversas cidades do Entorno, como Valparaíso, Nova Gama, Jardim Ingá, entre outras localidades, tem ganhado espaço nos novos governos do DF – com o governador Rodrigo Rollemberg – e de Goiás – com o governador Marconi Perillo.
Recentemente, durante o lançamento das obras do Sistema Produtor de Água Corumbá, onde estive presente com os dois governadores, ambos falaram sobre melhorias para o transporte e citaram o trem que ligaria a capital a Luziânia. O assunto já havia sido pauta dos governos antes mesmo de assumirem os novos mandatos e mostra que, pelo menos nos discursos, os dois governadores estão empenhados em encontrar a “solução” e fazer as “melhorias” no transporte tão esperadas pela população. E mais: atentos às questões ambientais e de mobilidade urbana, pois quando lançam mão da ideia de Roriz em levar adiante o transporte ferroviário de Brasília a Luziânia, saem da contramão de governos anteriores que acharam que o ônibus seria a única solução para atender os passageiros dessas regiões. Ideias completamente fora dos trilhos, vale ressaltar.
E já que estou falando de transporte ferroviário como solução para atender a demanda das populações no que se refere à mobilidade urbana, não posso deixar de enfatizar, ainda, outro sonho de Joaquim Roriz, que voltou a tomar corpo na atual gestão de Perillo em Goiás: o trem de alta velocidade que ligaria Brasília a Goiânia. Apelidado de “Expresso Pequi” por muitos quando Roriz divulgou a ideia, na tentativa de banalizar a hipótese de realização de mais uma grande obra, o trem acabou não ganhando a atenção merecida. Os críticos “esqueceram”, na ansiedade de desmerecer o projeto, que as ramificações para as cidades de Águas Lindas de Goiás e Santo Antônio do Descoberto, no Entorno Sul do Distrito Federal, só levariam ganhos àquelas populações e resolveria muito o caos no transporte daquelas regiões.
Por sorte, porém, ou por compromisso com a população, os projetos, tanto do trem Brasília-Luziânia, quanto do trem bala Brasília-Goiânia, não são idealizações acalentadas. Percebemos que os atuais governos do DF e de Goiás perceberam a importância dessas duas grandes obras e que, com a ajuda da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), os dois trens tendem a deixarem o papel e entrar, de vez, nos trilhos. Colocando nos trilhos também o transporte público, de uma vez por todas, nestas regiões, uma vez que atenderão a mais de 200 mil pessoas por dia, diminuindo a barreira ainda existente entre o Entorno e o Distrito Federal.
*Por Liliane Roriz Deputada Distrital
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