Da Argentina, ex-governador se diz vítima de 'mentiras e táticas nazistas'.
Ele disse ainda não ter planos para quando licença de seis meses acabar.
Eu consegui entregar o governo com absolutamente todos os serviços funcionando, da limpeza urbana, da saúde, da educação, os hospitais, e ainda deixei um pouco mais de R$ 1 bilhão nas contas do governo."
O ex-governador Agnelo Queiroz afirmou em entrevista ao G1 não ter dúvidas de que fez um "bom governo" durante os quatro anos de gestão. Por telefone, de Buenos Aires, onde passa uns dias com a filha, Agnelo afirmou estar de licença-prêmio da função de médico da Secretaria de Saúde até agosto, quando deve voltar para a capital federal. Antes, deve passar uma nova temporada em Miami, para onde foi após o término de seu mandato.
O ex-governador disse “não aguentar mais mentira, perseguição e maldade" em relação à gestão dele. Para ele, o atual governo adota uma “tática nazista de repetir a mentira não sabe quantas vezes para transformá-la em verdade" (veja aqui o que disse o governo de Rodrigo Rollemberg sobre a crítica).
Agnelo assumiu ter enfrentado dificuldades principalmente nos últimos três meses de gestão, mas afirmou ter conseguido entregar o governo com "todos os serviços funcionando". Ele criticou a medida do atual governo de parcelar os salários dos servidores. Segundo ele, a versão de que deixou o governo com rombo nas contas é um subterfúgio para justificar aumento de impostos.
Agnelo não quis dar uma nota para sua gestão, mas diz ter feito um bom governo porque "a população está melhor, circula em ônibus novos, com asfalto novo, tem mais oportunidades, mais empregos. (...) Tenho certeza que o reconhecimento vem naturalmente com o tempo.”
Confira abaixo os principais trechos da entrevista
Por que o senhor demorou para se manifestar sobre as críticas que vêm recebendo?
Agnelo Queiroz – Eu tinha tomado a decisão de dar um tempo sem me manifestar. Ex-governador não tem que ficar todo dia dando opinião sobre aquilo, alguém me perguntando. Minha vontade era passar seis meses sem falar. Eu interrompi isso justamente porque não aguentei tanta mentira, tanta perseguição, tanta maldade, inclusive [com esse governo] adotando uma tática nazista de repetir a mentira não sabe quantas vezes para transformá-la em verdade.
O Ministério Público investiga atos que levaram ao descontrole nas contas públicas do DF. O senhor realmente acha que essa crise foi fabricada?
Agnelo – Eu consegui entregar o governo com absolutamente todos os serviços funcionando, da limpeza urbana, da saúde, da educação, os hospitais, e ainda deixei um pouco mais de R$ 1 bilhão nas contas do governo. Com relação ao que o governo divulgou de um rombo, um déficit de R$ 3,5 bilhões, depois falam em R$ 4 bilhões, R$ 5 bilhões, cada dia uma pessoa desse governo chuta um número, foi essa mentira que eu, e não só eu, mas a sociedade está desmascarando (...) porque, se fosse verdade, ele [o governador Rodrigo Rollemberg] não poderia estar honrando os compromissos agora. Outra argumentação de que tem um rombo é para aumentar impostos. É só pegar os dados oficiais e vai se ver que teve recorde de arrecadação em janeiro e fevereiro. Foram R$ 250 milhões a mais do que foi arrecadado no mesmo período do ano passado. Isso significa que deixei uma máquina mais eficiente, que tinha gestão e agora estão colhendo os frutos porque aumentou a arrecadação.
Há uma estimativa de um déficit de R$ 3 bilhões e um dos motivos seria o reajuste dado aos servidores no seu governo. O MP questionou a legalidade dos reajustes. Houve falha na aprovação?
Agnelo – O reajuste foi inteiramente legal, foi aprovado por lei na Câmara Legislativa, por unanimidade, tem a previsão na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e tem nas previsões orçamentárias de 2013, 2014 e na de 2015. A alegação do MP foi de que não tinha previsão orçamentária, mas isso não corresponde à verdade (O MPDFT também rebateu as declarações de Agnelo). Tenho certeza de que o Judiciário vai assegurar esse direito dos trabalhadores. Foram negociações que começaram em 2011, foi uma conquista histórica. É a grande oportunidade para que a gente tenha uma saúde de qualidade, uma educação de qualidade.
Então por que o sr. acha que a população não reconhece suas ações? Que motivos o sr. vê para não ter chegado ao 2º turno?
Agnelo – Ninguém falava em déficit. O Rollemberg passou a campanha inteira falando que era um problema de gestão, e não orçamentário. Os dados estavam e estão disponíveis e não tinha negócio de déficit nenhum. Isso foi inventado já agora nesse governo para justificar sua inoperância absoluta, sua incapacidade de governar. Esse que é o fato concreto. Eu cuidei de trabalhar, acho que não divulguei bem as coisas, meu objetivo era fazer e realizar. Eu fiz para o povo do Distrito Federal e pronto. Não teve reconhecimento, não consegui divulgar adequadamente, não cuidei. A população vai comparar essas realizações com esse governo que está aí, mas tem que ser daqui a quatro anos. Vamos ver quantas UPAs [o atual governo] vai fazer, quantos quilômetros de asfalto.
Eu fiz para o povo do Distrito Federal e pronto. Não teve reconhecimento, não consegui divulgar adequadamente, não cuidei. A população vai comparar essas realizações com esse governo que está aí, mas tem que ser daqui a quatro anos. "
Agnelo Queiroz
O senhor apontaria algum erro durante a sua gestão?
Agnelo – Tinha que divulgar tudo que fiz, meu governo foi extremamente realizador. Eu desafiei meus adversários para que escolhessem uma área e falassem que eles fizeram mais do que eu. Veja se [alguém] fez mais salas de aula do que eu, mais UPAs, mais creches, asfalto. Antes era uma buraqueira desgramada. Fiz estádio, fiz 5.300 obras. Tinha dinheiro para absolutamente tudo. Fiz a maior redução da desigualdade da história do DF. Quando assumi, tínhamos 8,8% de pobreza e extrema pobreza e praticamente erradicamos a pobreza no DF. Eu erradiquei o analfabetismo. Isso é fato, saíram números, dados oficiais, não é o discurso de alguém que se defende. Não teve a divulgação devida, mas o que me propus a fazer eu fiz.
Daria uma nota para o seu governo?
Agnelo – Acho que a nota é com a população. Eu não tenho dúvidas de que fiz um bom governo, porque eu deixei a cidade com o menor desemprego da história do DF. Além de ter feito investimento social, fiz mais obras do que qualquer governo. Eu fiz um bom governo porque a nossa população está melhor, circula em ônibus novos, com asfalto novo, tem mais oportunidades, mais empregos. São dados oficiais e por isso que fiz um bom governo. Não é porque o adversário foi eficiente em falar mal, que não há interesse em mostrar as coisas boas, que o governo será ruim.
Sobre a Justiça ter bloqueado seus bens em duas ações, o senhor vai recorrer das ações?
Agnelo – Vou recorrer e já constitui a defesa e vou fazer todos os esclarecimentos e tenho certeza que será esclarecido. Como pode bloquear os bens de um governador porque entreguei uma obra como o centro administrativo, uma obra tão importante para a nossa cidade, para modernizar a gestão. É o sonho de qualquer cidade do país, colocar toda a administração em um lugar só. Isso eu consegui fazer, consegui um habite-se que é parcial, que é de acordo com a parte que está pronta e chamado de provisório, que a lei assim determina. Se eu não concedesse o habite-se, aí sim eu teria que ser processado, e minha administração conseguiu o habite-se dentro da legalidade. O outro caso foi sobre a Fórmula Indy. Como se pode condenar alguém, um governador, que atraiu um evento internacional para a cidade, evento que deixa na cidade a cada ano R$ 100 milhões, aquece a economia em toda a cadeia do turismo, é transmitido para não sei quantos países do mundo, deixa milhões para a cidade? Quem ganha é a população. Vai levar décadas para a gente recuperar a credibilidade internacional por conta desse absurdo de romper um contrato desse da Fórmula Indy.
O bloqueio de bens trouxe algum impacto na vida do senhor?
Agnelo – Claro. Isso é extremamente constrangedor e é claro que isso traz esse impacto muito ruim, mas tenho certeza que vamos superar isso rapidamente e esclarecer. Tenho esperança que seja revisto pelo próprio juiz que deu [a sentença], identificamos falhas muitos graves na ação do Ministério Público. Na medida que a gente esclareça, tenho certeza que será resolvido.
O sr. vai voltar a trabalhar como médico? Pretende voltar para a política?
Agnelo – Meu objetivo é fazer a defesa desses ataques que tenho recebido e defender esse legado do meu governo, que foi um bom governo. Não tenho nenhum outro objetivo a curto prazo. Minha dedicação é nesse sentido agora, não estou pensando em eleição, em absolutamente nada disso. Por enquanto estou de licença-prêmio. Quando acabar, só a vida vai me mostrar [o que fazer].
O sr. tem receio da recepção que pode ter dos brasilienses quando voltar a Brasília?
Agnelo – Não. Sei que tem órgãos que têm feito ataque a mim, alguns órgãos de imprensa, mas tenho recebido solidariedade da população, [por causa] dos benefícios que trouxe para a cidade. Os servidores públicos estão fazendo uma luta para conseguir os direitos conquistados no meu governo, foram direitos importantes que conseguimos para os servidores públicos. Vamos torcer para que o governo atual tenha continuidade, continue fazendo as UPAs que estão faltando, conclua as creches que deixei em andamento. Se tocar isso está de bom tamanho. A realidade é que fizemos um bom governo e melhoramos a vida do povo do Distrito Federal. A vida da população estava bem melhor quando deixei do que quando iniciei e é isso que importa. Tenho certeza que o reconhecimento vem naturalmente com o tempo.
Isabella Calzolari
Fonte: G1
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