Em campanha no RS, tucano disse que candidatos e partidos conservadores o apoiam 'por exclusão'
Aécio Neves toma chimarrão ao lado de Ana Amélia Lemos (PP), José Ivo Sartori (PMDB) e Pedro Simon (PMDB) - Divulgação / Igo Estrela
PORTO ALEGRE - O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, disse neste sábado em Porto Alegre que seu governo contará com um núcleo formado pelo PSDB, PSB, PP e pelo “lado bom” do PMDB, caso seja eleito. Peemedebistas locais, como José Ivo Sartori, candidato ao governo estadual, e o senador Pedro Simon participaram do ato de campanha. Sobre a adesão de candidatos e partidos conservadores, o candidato disse que essas forças o apoiam “por exclusão”.
Fiquei sabendo do apoio do (Levy) Fidélix pelos jornais — justificou.
Aécio também insinuou que está sendo alvo de uma denúncia com fins eleitorais por parte do Ministério Público de Minas Gerais. Na sexta-feira à noite, o MP ingressou com uma ação na Justiça contra o governo mineiro alegando descumprimento do mínimo obrigatório de 12%, previsto na Constituição, em investimentos na saúde. Aécio classificou a denúncia como “factoide”.
Segundo o tucano, “a denúncia é a mesma, a promotora é a mesma” e foi arquivada ainda em 2009 porque o Tribunal de Contas de Minas aprovou todas as suas administrações quando era governador. O MP afirma que foram aplicados 7,48% da receita de 2009 e pede a devolução, ao atual governo, de R$ 1,3 bilhão ao Fundo Estadual de Saúde.
A minha resposta é muito simples: o TCE de Minas aprovou todas as nossas contas porque antes da emenda 29 não havia uma determinação clara, explícita, daquilo que poderia ser contabilizado como gasto em saúde. Esses factoides criados de última hora não mudarão o essencial. Eu sou candidato para mudar o Brasil, inclusive isso, essa postura pequena, menor, da desconstrução em época de eleição – respondeu Aécio.
Segundo a ação, o Estado incluiu no cálculo de investimentos em ASPS (ações e serviços públicos de saúde) despesas empenhadas e não liquidadas, além de aplicações feitas em desacordo com a Constituição, sem respeitar “os requisitos de universalidade e gratuidade no acesso aos serviços de saúde”. O documento foi assinado pelos promotores Josely Ramos Pontes, Eduardo Nepomuceno, João Medeiros e Franciane Elias Ferreira.
Aécio justificou a afirmação de que investiu 12% na área dizendo que alguns especialistas consideram que gastos em saneamento também podem ser considerados como verbas de saúde. Ainda segundo o candidato, o governo federal chegou a contabilizar como investimento em saúde o Bolsa Família, também em 2009.
O candidato chegou a Porto Alegre ainda de madrugada para cumprir agenda de campanha durante a manhã. Em entrevista coletiva, Aécio não comentou a citação do PSDB nas denúncias de pagamento de propina do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa durante os depoimentos da delação premiada à Justiça federal. O tucano se limitou a considerar “vergonhosos” os episódios sobre a Petrobras, “que surgem todo dia”.
Aécio também anunciou que irá ingressar na Justiça Eleitoral com mais uma ação contra os programas do PT para, segundo ele, “mostrar as mentiras da propaganda da presidente Dilma”.
Perguntado se já estava pensando em nomes para seu ministério, após ter confirmado o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga à frente da Fazenda, o candidato tucano desconversou:
Não tenho ainda a definição de outros nomes e acredito que agora talvez não seja mais necessário. Mas eu posso dizer a vocês que, se vencer as eleições, vamos ter o mais qualificado de todos os governos da história republicana do Brasil — disse.
No final da manhã, o candidato foi recebido por cerca de 2 mil pessoas na quadra de uma escola de samba na zona norte de Porto Alegre. Estavam com ele no mesmo palanque Sartori, a candidata derrotada pelo PP, Ana Amélia Lemos, além do candidato a vice na chapa de Marina Silva, Beto Albuquerque. O candidato a vice na chapa do PMDB, José Paulo Cairoli (PSD), não estava no comício.
Durante o comício, Aécio voltou a acusar o PT de usar “mentiras” durante a campanha eleitoral para atacar primeiro a candidata derrotada do PSB, Marina Silva, e depois para atacá-lo, mas garantiu que “comigo, não”.
A cada ataque mentiroso, vou responder com dez verdades sobre eles — discursou.
Aécio também “convidou” a presidente Dilma Rousseff a debater o Brasil e disse que gostaria muito de continuar respeitando “a mulher e a presidente da República” depois da campanha, seja qual for o resultado.
Depois do comício, Aécio embarcou para o Rio de Janeiro.