Governo corteja aliados para anular formação de 'blocão'

Orientada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff adotou como estratégia afagar as cúpulas partidárias da base aliada com o objetivo de anular o movimento liderado pelos rebeldes do PMDB e esvaziar o bloco formado na Câmara cujo objetivo é ter atuação independente do Palácio do Planalto.

Ao PP, por exemplo, Dilma prometeu resolver a sucessão no Ministério das Cidades nos próximos dias. O gesto fez com que o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), anunciasse à reportagem que não vai avalizar o "blocão" idealizado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

"Nós vamos sair do blocão. Não vejo vantagem em participar de um bloco maior do que o nosso partido. Isso faz com que os líderes acabem por receber maior pressão de suas bases", afirmou Ciro. Ele disse já ter conversado com o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), um dos maiores entusiastas da formação do blocão. "Posso dizer que o Eduardo (da Fonte) não faz nada sem que eu saiba. Nós estamos juntos e não vamos entrar nessa não", afirmou o presidente do PP.

Na mesma linha, o presidente do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, disse que seu partido vai se retirar do blocão comandado por Eduardo Cunha. "Nós temos nossa dinâmica, nossa identidade, nosso voo próprio. Temos um planejamento eleitoral que não passa por envolvimento nessas crises", afirmou Lupi. "Até porque, até onde sabemos, essas crises são artificiais. Duvido que o PMDB, dono da Vice-Presidência da República, não saberá contornar seus problemas."

'Firme na base'
Outro partido cuja direção vem sendo acionada por Dilma é o PTB. A legenda, que nunca teve um ministério na atual gestão, já recebeu sinais do governo de que receberá a Secretaria dos Portos brevemente. Líder do partido na Câmara e vice-presidente da sigla, o deputado Jovair Arantes (GO) afirmou que o PTB continuará a participar do blocão comandado pelo PMDB apenas para resolver questões internas no Congresso. "Não vejo como a iniciativa de formação do bloco pode contaminar nossa relação com o governo. Nós continuamos firmes na base aliada", disse o parlamentar. "Não estamos criando caso com nada e nem vamos criar. Somos aliados e continuaremos do lado da presidente Dilma na campanha presidencial."

No PSD, que já anunciou oficialmente apoio à chapa de Dilma, a ordem da cúpula é para que o partido não crie problemas no Congresso. Tanto que o líder da legenda, Moreira Mendes (RO), que participou da primeira reunião do blocão, foi orientado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, a deixar o grupo. "Participei mesmo da primeira reunião. Mas não fui às outras. Tive o cuidado de avisar qual posição estávamos tomando."
Postagem Anterior Próxima Postagem

نموذج الاتصال