Deputado federal Augusto Carvalho, presidente do Solidariedade no DF, diz que o partido quer formar uma grande base no Congresso. E que a tendência é apoiar o candidato do PSDB, Aécio Neves
Em entrevista ao Jornal da Comunidade, o deputado federal Augusto Carvalho, presidente do partido Solidariedade no DF, informou que a sigla defende a luta pelos movimentos sindicais e tem o objetivo de lutar para que as reformas política e tributária sejam feitas o quanto antes. Sobre as eleições, informou que a tendência é que o novo partido apoie o presidenciável Aécio Neves (PSDB). No DF ainda não foi definido qual será o candidato que receberá o apoio do Solidariedade. Carvalho revelou que o grande objetivo é conseguir eleger grande número de deputados federais.
Qual é a filosofia do Solidariedade?
É um partido que tem como presidente Paulo Pereira da Silva, que era até pouco tempo atrás o presidente da Força Sindical, uma central bastante atuante que tem levantado bandeiras históricas dos trabalhadores como a luta pela redução da jornada para 40 horas semanais, a luta contra o fator previdenciário, enfim, bandeiras históricas. Com a criação do Solidariedade, essas demandas ecoarão com mais intensidade dentro do parlamento em razão desse compromisso do partido com essas causas. É um partido novo, foi criado quase no último dia e, portanto, temos um urgente trabalho de construção de nossas bases. A ideia é ter um partido capilarizado no país inteiro, onde temos 23 deputados federais e a intenção nestas eleições é manter a bancada. O objetivo estratégico é eleger uma bancada forte, até para que essa plataforma trabalhista possa estar aqui na Câmara sendo bem defendida.
Qual é o diferencial do Solidariedade?
Nosso campo ideológico é um partido de centro-esquerda, que tem o compromisso de a despeito do poder, esteja quem estiver no comando seguir a luta em defesa de um movimento sindical mais depurado, mais combativo, efetivamente engajado, que não seja cooptado como vemos hoje, sindicatos e centrais sindicais cooptados, e deixaram de se manifestar pela luta dos trabalhadores.
Quantos filiados no DF o partido já possui?
Já estamos alcançando os primeiros mil filiados. Não tivemos muito tempo para fazer uma campanha de filiação em massa, devido à correria para criação da sigla. Mas, agora com as eleições, certamente vamos engrossar as fileiras do nosso partido.
Quais são os projetos que o Solidariedade possui para as eleições deste ano?
Vai continuar a luta que outros partidos já começaram, como a reforma política. Não podemos continuar com essa loucura, 30 partidos, muitas vezes partidos que são criados só para fazer arranjos de poder, de negociatas em época de eleições. Isso tem que ter uma reforma política, uma reforma que acabe com a figura, por exemplo, de suplente de senador, que nunca teve um voto e hoje, é quase um terço do Senado.
Como seria essa reforma política?
Uma reforma política que repense um modelo de financiamento de campanha. Hoje há um predomínio do poder econômico na definição do resultado das eleições, ou seja, quem tem grana, quem tem acessos a financiamentos privados, ganha a campanha de quem disputa com pessoas que não têm financiamento. Temos que prosseguir lutando por uma reforma política que minimize a interferência do poder econômico, continuar lutando por uma reforma tributária. As duas reformas, têm sido prometidas pelos sucessivos presidentes e até agora ninguém fez nenhuma das duas. O Solidariedade vai lutar para que o presidente da República, que esperamos que seja Aécio, tenha o primeiro compromisso assim que sair o resultado das urnas é que convoque o Congresso Nacional, a sociedade e o empresariado para que a gente tenha uma verdadeira reforma tributária. Que rediscuta o pacto federativo, que desonere a produção e os assalariados, que são quem pagam os impostos nesse país, pois tem o desconto feito na fonte, não há como sonegar. Então, vamos lutar para que essas duas reformas, as mães de todas as demais reformas deste país, sejam realizadas e tantos outros projetos.
Qual é a expectativa para as eleições no DF?
Nosso objetivo principal não é a disputa majoritária. Nós não temos nem candidato próprio a presidente e nem a governador. Temos vários pré-candidatos a deputados distritais. Nosso objetivo é eleger pelo menos três distritais e um federal, como aqui só têm oito vagas para federal, é difícil conseguir dois. O partido ainda é novo e está se consolidando. Mas queremos eleger pelo menos um federal em cada estado.
Quem receberá o apoio do partido em âmbito nacional?
É um partido novo, mas ainda não tem uma decisão oficial, mas há uma tendência de estar marchando com a candidatura de Aécio Neves (PSDB). Ou seja, se alinha no campo das oposições, no plano nacional. Temos um diálogo muito forte com Eduardo Campos (PSB), especificamente com o senador Rodrigo Rollemberg, que é o representante do partido aqui no DF, mas a tendência mais arbitrária do partido, expressada pelo nosso presidente em várias ocasiões é a aproximação com o candidato do PSDB, Aécio Neves. A nível nacional, os caminhos apontam para essa coligação racional com o PSDB.
E no âmbito local?
No DF nós temos dois polos cristalizados, de um lado o atual governador Agnelo Queiroz (PT), que é uma candidatura natural e temos no outro extremo o Arruda e Roriz juntos. Temos hoje uma dispersão do campo de uma chamada 3ª via, onde temos Rollemberg e o (deputado) Reguffe, que ainda não se sabe se será candidato. Tem o PSDB, onde há três pré-candidatos se engalfinhando para ver quem será o candidato. Como não temos candidatos próprios para disputar cargos majoritários, não temos pressa em definir quem receberá nosso apoio aqui no DF. Primeiro temos que saber quem serão os candidatos de fato e onde o Solidariedade se encaixa melhor em coligações proporcionais, que possa eleger os seus deputados distritais e federais. Essa é a nossa estratégia a nível nacional, onde tivermos mais chances de eleger deputados federais, que são essenciais, pois quanto maior a bancada, mais tempo de TV e mais acesso aos recursos do Fundo Partidário.
O Solidariedade possui algum acordo político com Eliana Pedrosa (PPS)?
Não tomamos posição nem no plano nacional e nem no plano local. Há uma tendência a nível nacional. Mas no plano local temos que aguardar o que vai acontecer. Não sabemos hoje se os candidatos que estão hoje colocados, se vão efetivamente manter as suas candidaturas. Por exemplo: Agnelo vai continuar sendo candidato com 17 partidos ao seu lado ou será que vai haver defecções, como será a dimensão de sua coligação. Outro ponto é se a candidatura de Arruda vai valer, se ele conseguirá superar os obstáculos que possui nos tribunais, etc.
Qual a sua opinião sobre o governo de Dilma Rousseff?
No âmbito federal eu diria que a redução da nossa credibilidade de crédito, a redução da nota que tínhamos na avaliações de diversas agências, em termos de robustez das nossas contas públicas, dos fundamentos da nossa economia, essa redução da nota do Brasil fala por tudo. Ou seja, é uma sucessão de políticas, na minha opinião, equivocadas, política econômica principalmente, que tem levado a fazer maquiagem contábil, lançando mão de superávit de empresas estatais para poder dizer que está cumprindo os compromissos de superávit primário. Enfim, uma série de medidas econômicas que vêm sendo tomadas ao longo desses anos que leva a colocar o Brasil hoje muito abaixo do que ele poderia ter enquanto potencial de crescimento e desenvolvimento econômico social. Em razão disso e tantas outras questões, do aparelhamento do Estado, das empresas estatais, dos fundos de pensão, enfim, a utilização de estruturas como o BNDES para ficar financiando investimentos privados questionados, como as empresas do senhor Eike Batista, bilhões que foram utilizados para construir o Porto de Mariel, em Cuba, enquanto a nossa estrutura portuária está saturada.
É preciso repensar o país?
Eu acho que é momento de uma alternativa de poder, é bom para a democracia. Foram feitas muitas coisas positivas também, mas acho que essa proximidade de tiranos também não é boa para a imagem do Brasil. O Brasil está na contramão do mundo em termos de política externa, de estratégias e parcerias comerciais e globais. Por tudo isso, o caminho do governo federal, na minha opinião, leva a esse esgotamento. É o momento de o brasileiro repensar uma nova gestão, com o Estado eficiente e enxuto, não é necessário a existência de 39 ministérios, 22 mil cargos comissionados, isso é absurdo.
Quais os pontos negativos no governo de Agnelo Queiroz?
O governador Agnelo tentou fazer um trabalho, suas propostas, apresentou uma plataforma que deixou muitas coisas positivas acontecendo, muitas obras importantes acontecerão, mas na verdade não tiveram sua implantação no ritmo que deveriam ser implementadas. Acho que a construção do Estádio Nacional, o custo desse estádio, vai estar no meio de todos os debates durante a campanha eleitoral. Essa opção por um estádio desse porte, quando se tinha a opção de fazer ele menor, entendo que foi uma decisão equivocada e vai ser uma polêmica que estará no centro do debate eleitoral. Infelizmente ele optou por essa proposta que consumiu recursos que levam a juventude principalmente, os empresários, toda a população, a questionar a prioridade daquele gasto, ainda mais depois que passar a Copa do Mundo.
E os pontos positivos?
O governo Agnelo conseguiu fazer muita coisa positiva. A construção de mais de 140 creches é algo excelente para o DF. Eu diria que é uma das maiores realizações da gestão de Agnelo Queiroz. Eu sempre defendi o investimento na educação, desde as séries primárias, do início da formação cognitiva do indivíduo. Esse é um dos programas do GDF que faz a diferença. Também não posso esquecer de citar a coragem desse governo em enfrentar o cartel que existia nas empresas de transporte público. Foi um grande acerto do atual governador retirar aquela frota velha que transitava nas ruas do DF e tanto envergonhava a gente. Outro ponto positivo é na questão da mobilidade urbana, a construção das ciclovias em todas as cidades foi uma excelente iniciativa.
Qual a sua expectativa pessoal para as eleições deste ano?
Vou tentar à reeleição. Sei que é uma campanha muito difícil, em que nós vemos nos rumores de bastidores muita informação sobre campanhas milionárias que serão realizadas e isso assusta, evidentemente, quem não tem acesso a essas fontes de financiamento, mas vamos insistir para tentar continuar defendendo essas bandeiras que sempre defendemos.