Disseminação dos eventos de lazer dos jovens pelo país fazem organizações embarcarem na onda de protestos
Na sexta-feira, durante "rolezinho de protesto", integrantes do MTST foram impedidos de entrar em dois shoppings
A repressão aos rolezinhos em São Paulo gerou uma onda de solidariedade aos jovens da periferia da maior metrópole do país. Na última quinta-feira, centenas de membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tentaram inaugurar a temporada de “rolezinhos de protesto” dentro de shopping centers. Acabaram barrados na porta de dois estabelecimentos de áreas nobres da capital paulista. Manifestações semelhantes estão agendadas em pelo menos 10 capitais, inclusive em Brasília, para os próximos fins de semana. A Polícia Civil do Distrito Federal já monitora os eventos e identificou o MTST como um dos prováveis protagonistas dos atos.
“Tem que ter rolezinho mesmo, contra o preconceito que a sociedade tem com os mais carentes”, justifica Edson Silva, dirigente nacional do MTST e coordenador do movimento no DF. Ele esclarece, no entanto, que o grupo não deve aderir aos rolezinhos já marcados para Brasília. “Apoiamos, mas não vamos participar”. Estão previstos eventos a partir do próximo sábado, no Shopping Iguatemi, no Lago Norte, e em 1º de fevereiro, no ParkShopping e no Taguatinga Shopping. Silva revela que o MTST se prepara para organizar um protesto próprio, “com aliados de sindicatos de esquerda, dos movimentos sociais e estudantes da Universidade de Brasília”. O movimento, que ainda não tem data marcada, deve começar em algum centro de compras e passar por outros lugares“onde as pessoas que têm mais grana frequentam”.
De origem paulistana, o MTST tem como principal bandeira o acesso à moradia para pessoas de baixa renda. O grupo chegou ao DF em 2010 e, desde então, protagonizou invasões e ocupações de áreas públicas e privadas, com disputas judiciais e enfrentamentos com a polícia. Eles não são novatos nos shoppings. Em 2011, o movimento organizou um protesto no Pátio Brasil, “com bandeira, batendo em lata e palavra de ordem”. Não houve tumulto ou repressão. Silva garante que, neste ano, o movimento também será pacífico. “Apoiamos o rolezinho, desde que seja na paz, organizado e sem vandalismo, sem quebrar nada. Nada vai mudar se quebrarmos um objeto público ou privado. Não pode ser radical”, analisa.