Prestes a ser confirmada como vice na chapa do governador de Pernambuco, a ex-senadora pretende atrapalhar o acordo dos tucanos com o PSB em São Paulo. Em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Paraná, a negociação está em andamento
Eduardo conversa com Sérgio Guerra (D) durante a cerimônia de posse de secretários tucanos no governo de Pernambuco: aproximação |
A união de socialistas e tucanos em Pernambuco, com a entrada de dois nomes do PSDB na gestão do presidenciável Eduardo Campos (PSB), é apenas o primeiro passo para aproximação dos dois grupos políticos em outras unidades da Federação. A lógica é unir onde for possível. A ex-ministra Marina Silva, que deve ser confirmada como vice na chapa de Campos até o fim do mês, não colocou obstáculos em Pernambuco por ser o quintal do governador, no entanto, já vetou a aliança em São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) tentará a reeleição. Os marineiros também podem complicar o namoro do PSB com o PSDB principalmente em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Paraná.
O deputado federal Walter Feldman (PSB-SP), muito próximo a Marina Silva, avalia que o cenário de Pernambuco é atípico. “É uma realidade local. A nossa posição é ter candidatura própria. Em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, estamos lutando para isso. Não ter candidatura própria é um problema porque dificulta a explicitação de um programa alternativo para o Brasil. Em Pernambuco, não temos esse problema uma vez que o governo de lá já é do PSB”, explicou.
Feldman afirmou ainda que, no plano nacional, a Rede Sustentabilidade apoia Eduardo Campos, mas isso não significa que ocorra divergências nos estados. “Onde a Rede se sentir incomodada, vamos ter candidatura própria. Não podem jogar para a gente essa posição de dificultar. A avaliação é de que, em Pernambuco, não há problema em o PSDB apoiar a candidatura do PSB do ponto de vista programático. Lá, não existe a polarização que vemos em outros estados”, comentou. Dos principais partidos que faziam oposição a Eduardo Campos nas eleições de 2006, apenas o DEM ainda não aderiu ao governo. O PMDB do senador Jarbas Vasconcelos aliou-se em 2012.
Para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o que aconteceu em Pernambuco já é o efeito prático do jantar entre Eduardo Campos e Aécio Neves, no fim do ano passado, num restaurante no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. “Pernambuco é apenas o primeiro ato. A nossa intenção seria compor em São Paulo também. No Paraná e no Pará, a mesma coisa. Eduardo e Aécio fizeram a primeira sinalização. A iniciativa de Eduardo já foi tomada”, ressaltou.